A revolução dos bichos – George Orwell
Há algum tempo que escuto sobre o livro, mas somente agora tiver o prazer da leitura.
Um livro que pareceu fácil, mas quando sentei para preparar o comentário, percebi o quanto a minha visão tinha sido diferente daquela que li em outros sites, blogs. Acredito que fiquei muito na inocência e na amplitude de ter uma fazenda dominada por animais.
A capa não foi nada surpreendente, mesmo porque comprei numa loja de livros usados e paguei muito barato mas tem de diversos preços.
Percebe-se no decorrer da leitura, facilmente que os mais fracos tomam o poder e em seguida são corrompidos.
Estamos falando da Granja do Solar, dirigida por um bêbado chamado Jones que explora e maltrata seus animais. Acredito que o autor fez uma “alusão ao final do czarismo. Afinal, o czar Nicolau 2º era conhecido por seu pouco apreço pela população, preferindo falar francês a russo, segundo relatos históricos, e tinha uma queda pelo álcool.”
Os porcos são retratados como seres inteligentes e articulados, como o Major, porco sábio e profissional, que é uma mistura de Karl Max e Lênin. Esse Major é um revolucionário, tem o poder da oratória e consegue convencer todos os animais com seu discurso, que transforma a Granja Solar na Granja dos Bichos.
Temos ainda o outro porco e despótico Napoleão que seria Stálin, o mais sanguinário dos líderes soviéticos, partidário do totalitarismo, o banido Bola-de-Neve seria Trotsky, que se transformou a custa de muita propaganda no inimigo da revolução, “persona no grata’.
Os cavalos Sansão e Quitéria representam o proletariado. Sem acesso às informações, eles crêem no que lhes conta Garganta, porco que é uma alegoria aos sistemas de propaganda dos regimes totalitários. Sansão é a encarnação irracional do mito criado em torno de Alexei Stakhanov, o mais famoso trabalhador soviético por seu empenho e por sua dedicação.
Assim Jones é expulso e os animais começam a dominar a fazenda, fazendo tudo, dando conta do trabalho, mas as custas de muita ordem, imposição, ninguém tinha o direito de dar uma opinião.
Em certo momento, Napoleão se cerca de cães ferozes, “verdadeiros defensores da revolução”, que funcionam como a KGB (a polícia secreta soviética) ou suas antecessoras, não permitindo oposição ao poder central.
Quanto tudo parece calmo na fazenda, é decidido a construção de um Moinho de Vento, esse sonho impossível, é votado para que se concretize, mesmo que alguns animais não achem aquilo necessário.
Quando começam a fazer, ataques humanos ocorrem com várias mortes de animais, com muito banho de sangue, e aí muitos animais se lembram de Jones, talvez imaginando que se ele estivesse lá nada disso teria acontecido.
O livro é forte e tem muita política envolvida e só percebi quando acabei e fui pesquisar sobre o que as pessoas achavam porque para mim era uma fábula, onde os animais agem como humanos e buscam a liberdade. Afinal, segundo eles “todos os animais são iguais, mas alguns animais são mais iguais que os outros”, que se torna o único mandamento da Granja dos Bichos, a ilusão revolucionária é breve, e o poder absoluto corrompe aqueles que o exercem.
Temos manipulação de informações, abuso de poder, desigualdades, greves. Parece um assunto atual para vocês?
Enfim, o livro tem tudo isso, com ilustrações no decorrer da leitura, e um final surpreendente e o que sinto de mais positivo: entrarmos no mundo da política de mitos do poder, mas que ainda hoje vemos e vivenciamos tudo isso.
Espero que gostem , curtam e comentem o que acharam do livro aqui mesmo no blog.
Boa leitura!