A sociedade literária e a torta da casca de banana – Mary Ann Shaffer e Annie Barrows
Vi o título desse livro num filme em um determinado aplicativo e aparentemente achei bobo, mas alguns escritores falaram que era muito bom, então lá fui baixar para ler. E que bom que fiz isso!
A capa por si só já é linda pois temos mar e um envelope com selos, então do que seria a história?
Imaginei algo com culinária e um grande amor.
Não deixa de ter esses dois elementos mas a guerra predomina no começo do livro.
A torta em si não era boa, segundo os personagens, pois o livro fala de períodos da guerra em que só tinha batata para comer.
Agora senta que lá vem história.
Os alemães usavam a ilha como refúgio, sitiando os moradores. Esses ficavam sem comida, pois os alemães pegavam as colheitas, as comidas armazenadas em casa, tudo, até os animais de criação.
Para os moradores, só restavam a humilhação e batatas.
Unidos pela fome, um grupo de vizinhos que se tornaram amigos, fundaram essa sociedade numa noite em que escaparam dos alemães, num encontro casual.
Havia toque de recolher e para não apanharem, pois estavam além do horário permitido, falaram que estavam vindo de uma reunião, onde as pessoas liam trechos de livros para passarem o tempo. Isso foi uma ideia que depois virou algo rotineiro entre eles. Os alemães acreditaram e ficou tudo certo.
Então, conhecemos a escritora Juliet. Uma mulher que adora histórias, assessorada por Sidney, que administra sua agenda na visita as bibliotecas para sua tarde de autógrafos.
Juliet ganhou dinheiro com isso, era independente, divertida, estava namorando, mas precisava de um novo livro, mas faltava inspiração. Sua vida sofrida ainda a atormentava muito.
Um belo dia ao chegar em casa, depois de um encontro com Mark, seu futuro marido, encontra uma carta de um desconhecido chamado Dawsey que solicita ajuda para obter livros para sua sociedade.
Imediatamente eles começam uma linda amizade onde atiçada pela curiosidade da história, Juliet quer saber tudo que aconteceu naquele pedaço de ilha.
Essa parte do livro é bem interessante porque eles usavam as cartas, e aí vale uma parada. Como era legal receber cartas não é? Quem recebeu sabe do que estou falando. E tudo era datilografado. Sensacional. Fiz curso de datilografia sim, com muito orgulho!!
A medida que avançam as páginas, cartas e mais cartas são encaminhadas para Juliet através de Dawsey e seus vizinhos, cada um contando algo interessante. Isso para Juliet foi muito importante porque ela precisava mesmo de um novo livro e via ai a oportunidade certa.
Pronto, eu já estava envolvida e encantada com esses amigos unidos pela leitura, pela satisfação de estarem juntos, pela amizade, confidentes, se ajudando para escapar das garras alemãs. E mesmo depois da guerra, a cumplicidade continua muito forte e verdadeira.
Com tanto envolvimento, Juliet decide conhecê-los, mesmo a contragosto do seu futuro marido. Ela disse que ficaria pouco tempo na ilha, então entraram num acordo e lá se foi Juliet para sua história literária.
E como foi bom participar dessa viagem,onde após sua chegada, Juliet e todos da ilha, se apaixonam e fica o sentimento de que já se conheciam.
Lá, Juliet conheceu mais sobre uma personagem guerreira de nome Elisabeth que foi embora com os nazistas só porque ajudou um menino doente, mas deixou Kit, sua filha na ilha para cuidarem dela.
Elizabeth era intensa e verdadeira em tudo que fazia, uma personagem forte e marcante, que pensava muito em ajudar o próximo, mesmo se prejudicando.
Nesse ponto, todos queriam notícias dela e Juliet se viu envolvida para achar o paradeiro de Elizabeth, usando até mesmos seus contatos no continente, para dar um pouco de alegria, principalmente para Kit, sua filha.
A partir daí ficamos na curiosidade para saber seu destino e o que acontecerá com Kit.
Juliet se envolve de tal maneira, que se vê num conflito com o chato Mark que quer a todo custo casar. Ela queira muito uma família (já que seus pais foram mortos), uma vida normal, mas o preço estava alto demais. Mark parecia ser o homem perfeito. Será que dará certo?
Em vários momentos, Juliet através das cartas, pede conselho para seu editor Sidney, principalmente sobre o casamento com Mark. Sidney e Sophie eram sua única família.
Aliás esse personagem Sidney, vale toda a atenção, muito interessante para os padrões daquela época.
Assim chegamos na metade do livro, esperando uma decisão de Juliet e imaginando como seria o final. Ainda temos uma descoberta muito importante de sua amiga Isolda com um desfecho muito legal.
O final chega de uma forma linda, com Juliet lutando por aquilo que deseja, e o mais importante com o apoio de até então sua única família Sidney e Sophie.
É tão lindo que não posso falar mais senão acabo contando tudo. Aqui vale uma observação que assisti o filme e algumas coisas mudaram e fatos não foram abordados, mas a essência foi inalterada, vale a pena.
Infelizmente a autora (Mary) faleceu e sua sobrinha que assina o livro, continuou sua história. Lindamente e de uma forma sensacional.
Vale a pena ler, muito intenso, mas com uma lição de vida através da amizade, amor e acima de tudo paz, para uma época de perdas para todos numa guerra horrível.
Alguém já fez uma torta da casca de batata? Se fez conta pra mim e me manda a receita.
O livro tem 303 páginas com preço para livro digital e físico que cabem no seu bolso.
Aguardo seu comentário, sua curtida e siga o blog, ficarei super feliz.
Boa leitura.