CrimeDrama

Até que a morte nos separe – Rayssa Alves e Rafaela Fonseca.

O mês de maio chegou e parece que o tempo voa. Cada vez que surge um livro transformador, você sente que ele te abraça. Isso faz com que você tenha vontade de ler mais e também compartilhar esta incrível sensação.

Leitores li tão rápido que nem sei quantas páginas tem porque não me interessou. Simplesmente, me transportei para a história.

Que dupla fantástica as duas escritoras. Elas me enganaram direitinho com o enredo. Pensei uma coisa com a protagonista, mas aconteceu outra completamente diferente.

Primeiro que esta capa é uma das mais lindas que já vi por aqui e impactante neste mundo literário. Algo surreal e com tanta coisa a dizer. Muito bem idealizada e que combina tanto com a história.

“Por que eu tinha que assistir às pessoas sendo completamente felizes se eu mesma estava me sentindo tão destroçada?”

Assim já começo com um dos pensamentos de Lina, uma jovem mocinha romântica que trabalha numa sorveteria, numa cidade. Estudar, trabalhar e se divertir de vez em quando com sua melhor amiga eram seus divertimentos juvenis.

Ela vive entre suas fantasias e sonhos de um grande amor e um lindo príncipe de conto de fadas.

Um belo dia, ela conhece um rapaz lindo chamado Braden que chega na sorveteria. Juntos, eles vivem uma história de amor.

Bem, depende do ponto de vista.

A história é contada no passado e presente. Isso nos permite diferenciar os pensamentos de ambos os protagonistas. Também entendemos como chegaram às suas escolhas. Assim, podemos odiar ou amar cada um.

Lina tem uma irmã caçula. Ela odeia sua mãe. Lina se casa com Braden e vive um casamento de aparências. Nesse casamento, a violência doméstica acontece, somada com amor e desculpas.

Braden é um rapaz que vive com seu pai. A mãe dele se matou. Ele tenta a todo momento mostrar que pode ser um filho perfeito. Braden também quer tocar os negócios da família.

Desde cedo é um jovem violento e mostra isso com Lina inclusive a traindo com sua irmã. Quando a violenta sempre fazia o que já sabemos: desculpas seguidas de demonstrações de amor e carinho.

Já com Lina, sentimentos controversos pairavam em sua mente já que a culpa por apanhar era sempre dela e merecida. Afinal de contas, um amor é assim, não é? Momentos ruins fazem parte e cabe ao casal resolver. Braden era um bom homem, sua vida era perfeita e existia amor. Um dia ele melhoraria.

Lina não tinha com quem desabafar e confiar e seus sentimentos eram sufocados e sua vida seguia a passos doloridos.

Estaremos junto de uma mulher presa a um casamento. Ela sofre todo tipo de violência. Ela não tem apoio de sua mãe ou irmã. Está longe de sua amiga, separadas há muito tempo. Quer dizer, até o dia que a reencontra e percebe que a vida dela é melhor que a sua.

Lina desde criança teve problemas com sua família. A vontade de ser feliz vinha em primeiro lugar na sua vida. Você vai se apaixonando e sofrendo com ela.

Lina nada mais é do que muitas mulheres que apanham e perdoam e vivem constantemente perdidas neste mundo paralelo.

Braden é aquele rapaz que desde cedo desenvolveu algo violento. Ele foi cobrado por seu pai e desconta na sua esposa suas frustrações.

No final do livro, ele tem uma atitude tão cruel que o único sentimento é odiá-lo.

A leitura faz desejar um fim trágico para ele.

Aliás, o livro termina com um final sensacional. Lina descarrega toda a sua adrenalina, medo, vingança e frustrações. Muitas mulheres fazem isso atualmente.

Apesar de receber a punição para aquilo que fez será que seu coração ficará em paz? Terá Lina uma segunda chance?

Maravilhoso onde só lendo para entender o que estou tentando escrever. Sei que gostaria de colocar mais informações, mas isso estragaria a surpresa que é baixar este livro.

O preço é muito bom para livro digital, mas o que tem de realidade nele compensa qualquer valor.

O método da escrita é clara. Ela trouxe o sofrimento feminino através da personagem Lina.

Lina só queria seu príncipe encantado, mas encontrou seu sapo. Ainda teve que ouvir que ela era a culpada por tudo, inclusive por algo que não sabia que estava acontecendo. Quando resolveu colocar um ponto final, foi do pior jeito. Mais uma vez, se viu sozinha e triste.

Seria esse o fim de uma mulher que não precisa viver apanhando para ser feliz?

Seria esse o fim de uma mulher que tenta se apoiar numa sociedade falida?

Até quando esperar?

Até quando mais mulheres sofrerão e morrerão nas mãos de homens que nos usam como objetos de pancadas?

Lembrem-se que violência não é só a física. Existe também a violência verbal. A cada dia, ela destrói e machuca mais que uma faca. É difícil reconstruir depois, só mesmo com muita ajuda.

Este foi o comentário de hoje.

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Um ótimo final de semana e até o próximo comentário.

Podcast Até que a morte nos separe
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