Isabel de Castela – A primeira grande rainha da Europa – Giles Tremlett
O comentário de hoje é pura política, poder e com uma história incrível de alguém tão importante para uma nação. Estamos falando de Isabel de Castela.
Um livro que só pela capa já me interessou pois gosto muito de história.
Faz algum tempo que assisti na televisão uma série de Isabel, porém não terminei e assim vi a oportunidade de me aprofundar no livro.
Dono de 643 páginas com preço muito bom para livro digital e físico dentro do valor de mercado, estaremos em Castela com Isabel, uma mulher de 23 anos que assumirá o trono mesmo com muitas pessoas contra isso.
Num mundo dominado por homens Isabel brigará por muito tempo com seu meio-irmão Henrique que fará de tudo para tirar todo o seu poder.
Tragédias acompanharão a fase difícil de Isabel que só queria que Castela tivesse seu nome marcado para o mundo.
Intrigas, política, brigas de poder e casamentos arranjados, além da guerra estarão presentes até o final.
Isabel rejeita todas as propostas impostas por seu irmão de casamento pois deseja casar com alguém de sua escolha e que seja benéfico para Castela.
Castela era mais importante que um casamento, mas se houvesse um, lutaria para ficar com esta cidade usando de persuasão e manipulação para conseguir seus objetivos.
Além das características acima, Isabel era focada, objetiva e estava sempre junto de seus soldados tomando as decisões e ajudando sempre, dando um banho de coragem em muito marmanjo na época.
Interessante como Isabel falava e ordenava assuntos estratégicos aos soldados sem se preocupar com os olhares diferentes e de desprezo para ela.
Após dispensar um casamento com o rei de Portugal, alia-se a Fernando de Aragão e este casamento será benéfico, maduro e estratégico para o desenvolvimento de Castela e a Espanha. E posso até arriscar que se amaram desde o primeiro olhar.
Reunindo dois reinos importantes, veremos nas páginas seguintes como eles conseguiram conciliar um casamento e várias guerras sem abalar os sentimentos, dando frutos que seriam moeda de troca futuramente : seus filhos.
No começo do livro imaginava que Isabel seria meiga, simpática, mas o que vi foi uma mulher empoderada e por várias vezes fria e calculista.
Lendo o livro parecia que me preparava para uma prova da escola, uma vez que muitos fatos são apresentados de forma detalhada e com sua merecida importância.
Personagens como Rodrigo Bórgia, um cardeal poderoso que conhecemos de vários livros será uma peça importante para Isabel. Ele é ardiloso, poderoso e ajudará Isabel quando ela lutava pela posição de herdeira de seu meio-irmão em Castela.
Aliás seu meio-irmão teve uma filha que foi motivo para muitas polêmicas e Isabel deu um jeito de neutralizá-la fazendo com que sua função de herdeira fosse esquecida e manipulada ao seu favor. Aí veremos a força de persuasão desta mulher.
Um dos fatos marcantes do livro é a história dos escândalos da Igreja Católica e uma figura como Lucrécia Bórgia aparece com tudo fazendo parte de um casamento manipulado, além de sua descendência ser muito questionada, uma vez que os padres faziam várias coisas terríveis e insanas naquela época.
Isabel teve um reinado longo com vários filhos e um casamento duradouro, além de conseguir reconhecimento da Espanha diante de seu crescimento político, econômico e um respeitável exército.
Mesmo diante de tanto poder e glória, seus herdeiros foram aos poucos morrendo sobrando Catarina de Aragão que casou com Henrique VIII da Dinastia Tudor e Joana, mais conhecida como a rainha louca.
A história de Joana é bem interessante pois vemos como ela e os outros irmãos eram apenas uma moeda de troca e poder nas mãos de Isabel.
Fernando viajava muito e fazia sua parte no reino de Aragão e víamos como muitas das decisões eram feitas por Isabel apesar de seus conselheiros acharem isso um absurdo.
O livro te leva para várias fases do poder de Isabel até que temos a Inquisição. As crueldades praticadas pela Igreja eram aceitas por Isabel que as vezes se desculpava e intercedia, porém não percebi que era algo que ela gostasse de fazer. Como era católica, em certos momentos achava que a Igreja estava acima de tudo e sua obediência era obrigatória.
A perseguição dos judeus e mulçumanos por ela já começou nesta época onde vários perderam suas vidas e bens nas mãos dos soldados de Isabel.
Aliás, foi medonho como eles eram obrigados a serem batizados, caso contrário eram expulsos de suas terras sem direito a nada.
As crianças também eram batizadas a força e mortas caso seus pais não quisessem, muito horror e sangue nestas páginas. Será que valia a pena tudo isso? Isabel se sentia acima de Deus?
Mesmo no leito de morte pedindo perdão dos seus pecados não consigo acreditar que ela foi em paz.
Mais fatos importantes surgem como Cristóvão Colombo que ficou mais de sete anos tentando convencer Isabel que existiam outras terras e quando finalmente a convenceu e conseguiu sua expedição, vimos a exploração, enganação e morte de muitos índios que não queriam ser colonizados e evangelizados. Cristóvão foi retratado com um colonizador muito ruim.
Capítulos importantes sobre a exploração, os envolvidos, controvérsias, mentiras, verdades e a morte de Colombo estão bem detalhados e fazem você ficar espantado com seu temperamento e como foi esquecido e enganado por aqueles que se diziam seus reis. Muito interessante essa parte da história.
Enfim, bem escrito e detalhado que te leva para mundos conhecidos hoje, mas que anteriormente tinham outros nomes e características, além de mostrar o lado podre do poder e da política.
Um livro para ser lido devagar para entender toda a história e quando chegaremos ao final perceberemos a importância de Isabel para a Espanha mesmo com polêmicas absurdas.
Se gostam de uma boa história com fatos, planos, ações, guerras, mortes, poder, injustiças e incertezas vale a pena ler e depois contar o que vocês acharam.
Espero que tenham gostado.
Até o próximo comentário.