Passarinha – Kathryn Erskine
Se preparem para fortes emoções com esta história.
Após algumas buscas no site da Amazon, achei este livro de 2013 com uma capa diferente e enigmática pois quando olhava para ela, me deixava desconfortável e não imaginava qual seria a sua história.
Com preço muito bom para livro digital, resolvi baixar em minha biblioteca e verifiquei que tem 224 páginas, o que não seria tão longo assim.
Logo nas primeiras páginas, a escritora descreve como será a história e o motivo de escrevê-la, assim como no final ela deixa claro sua satisfação, pois através desta história conseguiu atingir mais pessoas que ficaram esclarecidas sobre a Síndrome de Asperger e o quanto, infelizmente, a desinformação e o preconceito reinam em nossa sociedade.
Na verdade, há um despreparo tanto das políticas públicas, como a comunidade através das escolas e professores e em consequência disto, ainda com um longo caminho a trilhar.
Um enredo difícil porque você entra literalmente no cenário da vida destas pessoas e a emoção é sua companheira constante. Fora isto é uma leitura que por diversas vezes interrompi em virtude de uma energia triste e pesada.
Caitilin, nossa personagem principal é uma garota carismática, com a Síndrome de Asperger que tem por volta dos seus 10 anos, onde sua atividade preferida era desenhar e mesmo diante da perda de seu irmão Devon, tenta levar a vida da melhor maneira possível.
Com suas balas de gelatina coloridas em formato de minhocas e a sua cartela da disciplina era educada com recompensas de boas maneiras incentivada pelo seu pai e seu irmão.
Caitilin é mais nova que seu irmão Devon que a defende de tudo e de todos, mas um belo dia é assassinado com outras pessoas na escola que estudava por um atirador. Isto realmente aconteceu no estado da Virginia.
Seu pai com a dor da perda do filho tem que trabalhar e lidar com as dificuldades diárias de Caitilin, que na escola se vira sozinha desabafando e seguindo as orientações da senhora Brook, coordenadora pedagógica.
Seu pai trabalhava o dia inteiro e Caitilin ficava na escola que era pública por um certo período e depois retornava para sua casa. Ela fazia muita coisa sozinha e a todo momento queria ajudar seu pai a deixar a tristeza de lado e prestar mais atenção nela.
Com a ajuda da senhora Brook conhece e vive coisas novas como por exemplo, a palavra finesse que foi bem empregada em sua vida e quem ler o livro vai entender a minha colocação.
Caitilin perdeu a mãe muito cedo, então não tem nenhuma referência feminina, uma vez que todos os seus parentes moram em outras cidades.
Em cada página o mundo de Caitilin gira em torno de tudo que Devon a ensinou e em cada situação vivida, ela percebe que sua vida será difícil sem ele.
O comportamento dos alunos da sua escola, até então sem nenhuma Síndrome, relata como ninguém se preocupa com o outro e Caitilin sofre seja através do comportamento deles ou com muitas dúvidas e questionamentos que na maioria das vezes, os professores não entendiam ou não respondiam, encaminhando-a até a Diretoria, a fim de resolver mais facilmente suas crises.
Tem momentos de muita emoção, empatia, risadas que a escritora soube colocar no papel de maneira assertiva, mostrando a dificuldade diária de muitas famílias espalhadas pelo mundo.
Perceberemos que a tragédia que aconteceu serviu para unir a comunidade que aos poucos retornavam a sua realidade.
Estamos preparados para lidar com a Síndrome de Asperger? Teremos a paciência que o pai de Caitilin tinha para todos os dias lidar com ela? Responderíamos suas perguntas? E como lidar com suas crises?
Com a história avançando acompanharemos a evolução dela graças a ajuda da senhora Brook que a ensinará a fazer novos amigos, a ter empatia, brincar com outras crianças, a perdoar e fazer alguns trabalhos em grupo com os coleguinhas da sua classe e como se comportar na sala de aula com os professores, além de ajudar Caitilin cuja missão era que seu pai voltasse a sorrir e terminar um projeto que envolvia seu irmão.
Nesta parte da história as lágrimas secam de tanta emoção, principalmente que é chegada a hora do final do livro com uma linda homenagem que a comunidade prestou aos familiares das vítimas através do grupo de escoteiros.
Sensacional e bem escrito que fará você pensar e repensar em muita coisa e sentir gratidão por tudo em sua vida, não esquecendo de pedir a Deus por aqueles que precisam apenas de oportunidade.
Como diz a escritora, o sentimento de pena não fará parte de suas atitudes porque essas crianças são extremamente inteligentes e seu mundo precisa ser entendido e respeitado, sem preconceito, sem rotulações, onde a sociedade tem que exercer seu papel na interação junto à comunidade e o poder público de engajamento e coragem para fazer a sua parte.
Então se você quer um livro especial, lindo, bem escrito e emocionante não deixe de ler este inclusive para entender o motivo da escolha do título que foi apropriado para o contexto.
Espero que tenham gostado.
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Até o próximo comentário.