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Tom vermelho do verde – Frei Betto

Um dos livros mais fortes e impactantes que li.

Frei Betto tem um outro livro comentado aqui no blog que deixarei o link no final.

Ele é tão bem escrito que em vários momentos, coloquei trechos que por si só já dizem o que aconteceu, após os militares dizimarem os povos indígenas para a construção da BR-174.

Frei Betto sai em defesa dos indígenas esquecidos pela sociedade brasileira e oprimidos pelos grupos que os exploram desde o “descobrimento”. 

Tom vermelho do verde é um livro de denúncia, entretanto cativa desde as primeiras páginas e impressiona com o profundo conhecimento da cultura indígena apresentado pelo autor.

No momento em que os povos originários sofrem pressões para que suas terras sejam exploradas por companhias mineradoras e madeireiras que causam danos ecológicos irreparáveis, Frei Betto explica detalhadamente o drama vivido pelos Waimiri-Atroari a partir da construção da rodovia BR-174 em suas terras, na década de 1970.

Drama até então conhecido apenas por estudiosos de culturas indígenas e que se prolonga até hoje, cujas consequências não se restringem às vítimas inocentes. Pelo contrário, atinge proporções catastróficas e imprevisíveis à medida que a floresta amazônica é arrasada e seus povos originários são dizimados.

Então, começarei com o início de tudo, no governo João Goulart, quando os militares planejavam a invasão à Amazônia e destaco o que pensavam sobre o Presidente na época:

João Goulart, se destacava pela falta de inteligência e a reduzida cultura. Caracterizava-se ainda pela inépcia para o cargo, o que o tornava excessivamente vulnerável às pressões dos grupos econômicos interessados em transformar a Amazônia em mera fonte de lucros. À caneta com que assinava decretos de governo, preferia ter em mãos um copo de uísque.”

A construção da BR-174 traria dinheiro para vários políticos e militares, porém o empecilho eram os indígenas, os verdadeiros donos das terras.

E já aviso que se você tem estômago fraco não leia, porque teremos cenas fortes, principalmente, quando os militares destroem suas ocas, matam mulheres, crianças e animais e depois comunicam à sociedade que eram os indígenas que atacavam os brancos.

Veja o que falava Lira Tavares:

É uma irresponsabilidade deixar tamanha área estratégica entregue à ociosidade dos índios, à cobiça de aventureiros e ao risco de ser ocupada por estrangeiros.”

Vamos retalhar a Amazônia em rodovias, assim como a natureza já a recortou em rios e igarapés. A região não progride porque não produz, e não produz por não ter vias de transporte. Levaremos progresso até lá. Haveremos de explorar suas riquezas e implantar lucrativos projetos agropecuários. “

A vontade e ganância dos militares era tão grande que não existiam limites.

Terá plenos poderes para rasgar a selva e provar que a ação humana, quando determinada, vence as agruras da natureza. Mas saiba que o governo tem pressa.”

A BR-174 ligará o Sul ao Norte, Manaus a Boa Vista, e se estenderá até a Venezuela, num percurso de mil e duzentos quilômetros. E, se Deus quiser, uma vez amansados, os índios que vivem no trajeto da estrada haverão de ser incorporados às obras, com a vantagem de trabalharem sem exigir salários.”

Vamos botar abaixo milhares de árvores ao longo do trajeto, mudar o curso de igarapés, contaminar rios com os dejetos dos canteiros de obras, deslocar aldeias indígenas, construir pontes e lançar as bases de novos centros urbanos.

A região deixará de ser uma terra ao deus-dará, hoje ocupada por silvícolas primitivos sem a menor noção das riquezas escondidas debaixo de suas malocas, como nióbio e cassiterita…”

Os indígenas defendiam suas terras, porém o homem branco tinha armas de fogo que lógico, eram mais poderosas.

Para amansar alguns indígenas levavam presentes de homem branco em troca de seu deslocamento, mentindo e dizendo que a construção favoreceria a todos e não acabaria com a natureza.

Quem resistisse seria morto.

Na reunião de planejamento estratégico, no Comando Militar da Amazônia, o major Paulo Cordeiro chegou a sugerir o massacre dos indígenas como solução do problema:

– Poderíamos resolver tudo com algumas bombas jogadas à noite sobre as malocas.”

A opinião dos indígenas difere muito dos homens brancos:

Homem branco é aqui e, floresta, lá. Para nós, floresta aqui e nós aqui. Uma só coisa, família. Se floresta fica alegre, nós também alegres. Se dói na floresta, dói em nós. Desde sempre vivemos aqui.”

Assim, o escritor comprova com fatos e provas tudo que aconteceu durante os anos de construção da rodovia e o papel da Funai.

Uma história que causa revolta e perceberemos o quanto o homem branco é ruim.

Com todos os problemas e empecilhos a BR-174 foi oficialmente inaugurada em 06 de abril de 1977.

Um livro espetacular, bem escrito onde valeu a pena cada página e como é importante sabermos o que aconteceu em nossa história e mais uma vez, como o Golpe Militar foi ruim e será sempre uma mancha vergonhosa na história do nosso país.

Cabe a você tirar a sua própria conclusão.

Livro com preço ótimo para formato digital e dentro de valor de mercado para livro físico.

Aqui vai um conselho: mostre para seu filho e filha a verdade comprovada, afinal de contas, eles serão os responsáveis pelo futuro do nosso Brasil.

Gostaram? Não esqueçam de curtir e compartilhar com os amigos.

Até o próximo comentário.

Link do outro livro de Frei Betto.

A Mosca Azul – Frei Betto

Podcast Tom vermelho do verde
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