Uma duas – Eliane Brum
Um livro muito bem escrito, detalhado, com uma personagem sendo construída ao longo das páginas, mesmo que para isso, tenha tanta angústia em suas palavras.
Uma história onde apesar do tema, num primeiro momento estranho, vemos que na verdade serão duas pessoas em uma só, vivendo a cada dia como se fosse o último, mas restabelecendo a relação entre mãe e filha.
Tudo começa com uma filha, formada em jornalismo, que vê diante da doença da mãe, a sua vida parar. Sim, ela abandonou a mãe pois a relação entre ambas era insuportável.
Aos poucos, a filha descobre o seu papel, pois se vê diante do quadro de saúde decadente da mãe, encontrada no apartamento quase morta, onde o socorro foi chamado e sua mãe levada para o hospital.
Lá cuidou de tudo sozinha e falou com os médicos. Esta parte foi até difícil pois nada sabia a respeito da saúde para fornecer tantos detalhes.
Num primeiro momento a relação é tensa, a mãe rejeita os cuidados da filha, não a quer no apartamento, após a volta do hospital, não quer que a filha limpe a sujeira, nada, quer ficar sozinha, mas com muita paciência a filha redescobriu a própria personalidade e a intensidade viva de sua mãe.
O tempo dedicado a essa mãe, vai liberar pela primeira vez, um sentimento guardado por tanto tempo. Finalmente se vê como filha, sendo útil para alguma coisa, aprendendo a viver. E o mais interessante no livro: dialogando com a sua mãe como há muito não fazia.
Apesar dos problemas e dificuldades que seu chefe impõe, pois ela meio que anula a vida para cuidar da mãe, não a impedem de continuar o seu trabalho, a sua missão.
O livro é excepcional, pois sua narração nos mostra a angústia, dúvidas o que é certo ou errado, mostra os diferentes estados de ânimo da narradora.
Isso é fascinante de acompanhamos em sua companhia.
Perceberemos como são diferentes os problemas entre pais e filhos, como é difícil conviver com ser humano, aceitar suas ideias e entender que os pais só querem o nosso bem, por mais que em alguns momentos, duvidamos disso.
O final é lindo e como a protagonista fala : “Escrevi para poder matar minha mãe”.
Mas, acredito que seja o contrário: ela escreveu para mostrar para sua mãe que seu papel de filha tinha sido cumprido, mesmo que diante de uma doença. Agora só restava seguir em frente.
Enfim, maravilhoso, você pensa em muitas coisas, na sua relação com sua mãe ou pai por exemplo.
Há uma bela construção e evolução da personagem que nos faz acreditar ainda mais no ser humano. Que o otimismo em algumas situações supera qualquer dificuldade.
Uma capa comum e vale a pena falar que não encontrei para vender nem em livro digital e físico.
Caso você tenha lido, comente aqui o que achou. Curta o comentário, vou adorar.
Espero que tenham gostado.
Boa leitura.