Uma pálida visão dos montes – Kazuo Ishiguro
Queria muito dividir com vocês o comentário desse livro do vencedor do Prêmio Nobel de Literatura desse ano. Ouvi muito falar dele e de seus livros, então fui em busca desse japonês, escritor que aos seis anos mudou-se para a Inglaterra.
Esse foi seu primeiro romance e com muitos outros traduzidos em mais de 26 países, ou seja, um escritor com uma cultura muito grande. Ao pesquisá-lo, fiquei magnetizada pela sua vida, pelas suas entrevistas. Aliás numa delas ele diz: “Percebi que vivi em uma bolha. Agora, aos 63 anos, sou um escritor cansado de uma geração cansada”, afirmou.
No decorrer de sua carreira teve duas obras adaptadas ao cinema “Os Vestígios do Dia” e “Não me abandone jamais”, que estou me programando para assistir. Diante de tudo isso, só aumentou a minha curiosidade de virar sua fã. E virei.
Nesse livro, viajamos literalmente até o Japão, parecia que eu estava lá, calma, serena, lendo de uma forma sutil, dando tempo a cada folha virada e a cada acontecimento.
Entramos na estória de Etsuko que deixa Nagasaki e vai morar em Londres, viúva de dois maridos, com duas filhas e diante de um trágico acontecimento, Etsuko nos conta como foi viver em Nagasaki depois da Segunda Guerra Mundial.
Naqueles dias tudo é narrado quando ela estava grávida de sua primeira filha e casada com Jiro, seu primeiro marido, que só pensava em trabalho. Lá conhece sua amiga Sachiko e sua filha Mariko.
Então tudo começa a fazer sentido, seus dias ajudando a amiga, seus dilemas com seu marido, sua vida pacata a espera de uma criança. Muito simples e o mais interessante é que em alguns momentos, não temos a definição tão clara da estória, mas isso não importa, já estou envolvida no mundo Kazuo, na sua escrita.
O personagem que adorei foi seu sogro Ogata- San pela sua simplicidade da idade, da sua experiência e de todo o seu carinho pela sua vida e da sua querida nora. Quando percebi estava tomando chá com Ogata-San e Etsuko, ouvindo seus relatos, seus conselhos. Parece surreal não?
Gente é sensacional, encantador na medida certa. Passado e futuro se misturando e você ficando com uma sensação de quero mais. O escritor relata muito a relação familiar e seus conflitos, sem maiores discussões entre os personagens, apenas aquilo que é para ser dito e interpretado.
O personagem que não gostei foi a Sachiko, muito enigmática, chata, ao mesmo tempo sonhadora, louca para ir embora de Nagasaki e má. Sim, ela fez uma coisa que simplesmente abominei e foi uma das coisas mais drásticas do livro.
Uma viagem a cultura desse país, uma delícia de ler, com um final que me surpreendeu, imaginei que tivesse pulado páginas, mas reli novamente e percebi que fiquei tão envolvida pela escrita que não percebi o final bem diante de meus olhos.
Vale a pena cada letra, cada página, cada suspiro. Comprei o livro num sebo e com certeza se tornou meu livro de cabeceira, paguei um preço tão barato que simplesmente não acreditei.
Comprem, leiam e comentem o que acharam dessa estória, que não considero um romance, como muitos falam, talvez um livro que te ajuda e se conectar com a cultura japonesa sem nem sair da sua casa.
Pesquisem sobre Kazuo e leiam as outras obras dele, que logo mais comentarei aqui.
Espero que tenham gostado como gostei.
Quase ia me esquecendo, a capa não me chamou a atenção, mas olhando para ela agora, me trouxe uma paz que nem consigo explicar.
Boa leitura!
Que incentivo bacana. Fiquei galvanizado pela ideia de passar este livro na frente de outros dois que me esperam enquanto termino “A noite de espera”, do Milton Hatoum. Valeu muito a dica. Já me envolvi com a trama, com o estilo de vida no Japão.
Olá Alexandre que bom que gostou do comentário!
Acredito que gostará mesmo do livro.
Essa sua indicação já anotei em minha listinha para ler.
Obrigada.