A Mosca Azul – Frei Betto
Vivemos infelizmente uma fase de muita política, corrupção toda hora noticiada nas televisões, rodas de amigos, nos jornais. Só se fala nisso. Vivemos num país onde não confiamos mais nos políticos. Parece que agora o bonito é ser desonesto.
Então fui em busca de uma leitura que abrangesse esse assunto. Queria me aprofundar. Isso se tornou mais relevante quando o nome mais falado do momento é o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva.
Esse livro foi escrito por uma pessoa que participou intensamente da política. Ele foi agente pastoral e organizou movimentos sociais, entre tantas atividades.
No Palácio do Planalto, Frei Betto ocupou, em 2003 e 2004, as funções de Assessor Especial do Presidente da República. Ele também foi coordenador da Mobilização Social do programa Fome Zero.
O livro é uma conversa através de observações e reflexões de quem esteve dentro do poder.
Numa narrativa lúcida, crítica e abrangente, rememora o processo social que levou Lula à presidência em 2002.
No decorrer desta história, percebemos como as pessoas realmente mudam com o poder. Ficamos mais perto da ascensão de Lula. Acompanhamos suas candidaturas a Presidente da República, suas alianças e a vitória finalmente em 2002.
O poder não muda as pessoas, faz com que manifestem a verdadeira face.
A partir dessa afirmação, percebi o quanto Frei Betto lutou para entender aquele que se dizia para o povo. No entanto, presenciamos situações duvidosas hoje.
O livro é muito interessante. Mas do meio para o final, as palavras difíceis aparecem (dicionário do lado). O autor analisa a crise do regime democrático através do neoliberalismo.
É muito citado Platão, Aristóteles, Maquiavel, Montaigne, Marx, Max Weber, Robert Michels entre tantos outros que não lembro agora. É nessa hora que há muita filosofia, conceitos políticos, mas foge um pouco do poder Lula. Não deixa de ser interessante, mas temos uma leitura e análise profunda da política, do poder.
É relatado a crise da esquerda, a formação da CUT, negociações com sindicatos, as greves. Inclusive, fala sobre a greve que aconteceu em São Bernardo do Campo. A greve durou mais de 40 dias!!!!
Tem passagens esclarecedoras, porque Frei Betto acompanhou tudo. Ele conversou muito com Lula e conheceu a formação daquele que, na minha opinião, me enganou com seu discurso. Ele dizia que mudaria o Brasil e acabaria com a corrupção que acontecia em outros partidos. E anos depois as máscaras começam a cair.
Tem uma observação que achei propícia trazer para vocês refletirem e alguns lembrarem dessa época:
Quando FHC ocupou a Presidência da República, tornei-me crítico mordaz de seu governo, através de artigos publicados em O Estado de S. Paulo. A ponto de José Gregori, seu ministro da Justiça, que conheci dos tempos da Comissão de Justiça e Paz de São Paulo, me ligar solicitando maneirar nas crítica. Sugeri que o presidente maneirasse as privatizações do patrimônio público.
Nesse governo houveram privatizações bem criticadas pelo PT.
Lula queria muito uma mudança no país. Ainda mais que outros países como Venezuela e Bolívia. Vários movimentos aconteciam. Por que não aqui no Brasil? Mas, muitos problemas existiam e como está escrito no livro de Robert Michels, “Os partidos políticos”, em 1911:
defende a tese, até agora confirmada pela história, de que todo partido de esquerda que insiste em disputar espaço na institucionalidade burguesa termina por ser cooptado por ela, em vez de transformá-la.
Muitas vezes você precisa buscar informações para entender o que o livro quer dizer. É lógico ler sem preconceitos ou opiniões formadas e defensivas. Há muitas situações chocantes. Mas o importante é você estar mais perto da verdade.
Talvez eu quisesse mais informações sobre Lula, mas esse era apenas um dos ingredientes desse livro.
Com a eleição de Lula percebemos que a classe operária não chegou no Paraíso, muito bem relatado no Capítulo XII onde ele inicia com a seguinte frase :
Um operário no governo não é a classe operária no poder.
Aí sim cada um a sua maneira, reflita sobre os anos de poder do PT.
Segundo Maquiavel em O Príncipe:
Deve-se considerar que não há nada mais difícil, nem de resultado mais duvidoso e perigoso, do que mudar as leis de um povo, porque esta transformação terá forte resistência dos que se beneficiam das leis antigas.
São 320 páginas de muita política, filosofia e antropologia. Temos a certeza de que precisamos buscar informações e não fecharmos os olhos. Acima de tudo, precisamos lutar por um dia melhor. Devemos ter certeza de que somos honestos. Através da fé, precisamos ir em busca da verdade.
Curtiram? Comentem aqui. Espero que vocês tenham gostado dessa viagem na política de uma forma informativa e não defendendo um ou outro partido. Juntos lutamos pelo nosso país.
Agradeço aos leitores que sugeriram esse assunto, com certeza aprendi um pouco mais com esse livro.
Livro que não é caro para digital , mas para livro físico o preço é salgado.
Termino meu comentário com uma frase do livro que diz tudo:
E que a lição sirva a todos nós: quando não há clareza de quem são os nossos adversários, corrermos o risco de nos comportar como eles.
Link de outro livro do escritor