O testamento – Marcílio França Castro
Hoje trago mais um conto e dessa vez bem interessante.
Marcílio França Castro nasceu em Belo Horizonte, em 1967. Mestre em teoria literária pela UFMG, publicou A casa dos outros e Breve Cartografia de Lugares sem nenhum interesse, pelo qual recebeu o Prêmio Literário Biblioteca Nacional.
Com um final abrangente sobre Walter, um escrivão que vai até a casa do senhor Oto para registrar seu testamento.
Chegando lá, um apartamento bem decorado, recebe senhor Oto que vem numa cadeira de rodas com sua assistente.
Ao deixá-los sozinhos, Oto dita para Walter mais de 15 lembranças.
No final, Oto para e não faz mais nada. Sua esclerose pedia descanso.
No dia seguinte, no cartório, Walter registra e faz todo seu serviço. Seu chefe agradece por ter ajudado um amigo e continuam o trabalho, que cresce a cada dia com a chegada da informatização dos documentos.
Dias depois Oto falece e Walter, num dia depois do trabalho, começa a perceber todas as lembranças de Oto, elas estão ali na sua frente e então ele sabe que é o herdeiro do testamento.
As lembranças citadas por Oto são referentes ao dia-a-dia, tem referência sobre um caminhão de mudança, um cachorro na rua, gente trabalhando, um dia de chuva, mas cada uma com a sua particularidade.
Deixo algumas aqui:
Caminhão de mudanças. Enquanto o motorista discute com o dono da loja, o carregador cochila no baú, entre o guarda-roupas e o fogão.
Posto de gasolina. Um murinho de pedra atrás da carreta, onde certa noite Marília me esperava com as mãos geladas − sem saber direito o que íamos fazer.
Fico com a percepção que não temos a mínima noção do do que muitas vezes acontece na nossa frente devido o nosso trabalho, a vida corrida mas devemos parar, pensar e viver, antes que seja tarde demais.
Até o próximo conto.