A Costureira de Khair Khana -Gayle Tzemach Lemmon
Hoje trago um comentário sensacional para vocês. É sobre uma jornalista que entrevista uma mulher guerreira. Ela vive em um lugar chamado Cabul, no Afeganistão.
Uma mulher que sobreviveu a essa guerra maldita, num lugar maldito com talibãs malditos.
Uma viagem e explicação de um lugar que sabemos somente da desgraça. O lugar é lotado de gente boa e trabalhadora. Antes da invasão dos talibãs, as pessoas viviam livres e felizes. Acima de tudo, as mulheres tinham seu papel definido. Elas trabalhavam e ajudavam o orçamento da casa juntamente com seu marido, sem preconceito algum.
Acompanhamos diariamente noticiários sobre o Afeganistão. Gayle decidiu que, para terminar sua MBA, seu desafio deve ser chegar a esse lugar. Ela queria entrevistar mulheres empreendedoras. Foi algo sensacional.
Kamila é filha de uma família enorme. Além dos pais, há 5 mulheres e 2 homens. Eles vêem seu país em 2005 passar por uma invasão de fanáticos do talibã. Ela trabalhava, estudava, assim como todas as mulheres da cidade. A religião era seguida, com muito respeito, mas não de forma tão rígida.
Kamila, que era uma adolescente, se vê cuidando da casa e de seus irmãos. Isso acontece após seu pai fugir para outro país, e logo depois sua mãe faz o mesmo. Seu pai deu a ela essa responsabilidade. Ele acreditava na sua capacidade de não abandonar a casa. Ela deveria manter as meninas em casa para não correr o risco de serem levadas pelos talibãs.
As mulheres deixaram de trabalhar, eram proibidas de estudar, tinham que usar o chadri e se fosse sair na rua, sempre acompanhada de uma figura masculina. Se descumprissem essa norma, cadeia ou também chicotadas ou apanhavam nas ruas na frente de todo mundo. O chadri é a burca que conhecemos só com aquela janelinha nos olhos.
Já imaginou ficar dentro de casa sem fazer nada, sem sair? Foi demais para elas. O dinheiro estava acabando a cada dia. Muitos homens tiveram que lutar nessa guerra. Com famílias grandes, a escassez de dinheiro e comida era evidente.
Kamila sempre foi uma pessoa ativa e precisa tirar sua família dessa situação. Foi quando teve a ideia de costurar. Sua irmã mais velha já era uma costureira, então ela poderia aprender e criar um negócio próspero.
E foi isso que ela fez. Desafiando armas, talibãs e tudo foi em busca de ajuda e aos poucos acompanhamos tudo se tornar realidade.
Com ajuda das irmãs e de mulheres conhecidas que precisavam de trabalho, enfrentou desafios. Elas necessitavam de trabalho para que as famílias não morressem de fome. Foi em busca de aperfeiçoar o negócio e ganhar dinheiro. Fez contato com comerciantes. Mostrou o que poderia fazer e entregou as encomendas no prazo certo. Ganhou dinheiro e pagou a todas.
Muito bom ver que a cada dia Kamila conseguia mais encomendas. Mais mulheres estavam trabalhando.
O mais importante era que Kamila não deixava de cumprir as normas do talibã.
Aliás um comentário a parte. Mulher só podia trabalhar dentro de casa com mulheres, não podia jamais atender a porta para homens. Os hospitais que tinham médicas só atendiam pacientes mulheres em alas separadas dos homens.
Nas escolas, professoras foram demitidas, alunos sem aula. Um caos total. Gente passando fome e morrendo. Muitos buscavam algo em outros países como o Irã. Eles morriam durante a travessia.
Os homens que sobravam eram crianças, adolescentes e velhos, portanto sem proventos para a casa. As surras em praça pública eram grandes com pessoas que descumprissem o que o talibã determinava.
Meu Deus, tudo por um fanatismo sem fundamento, pelo menos para mim.
Em algumas passagens Kamila relembra os barulhos causados pelas bombas, aviões e fala sobre o fatídico 11 de setembro.
Tudo vai se encaminhando no seu negócio e aos poucos vai se tornando uma grande empresária, uma mulher de sucesso.
Os talibãs naquele momento foram derrotados e expulsos da cidade e parecia que tudo estava voltando ao normal. Os homens que haviam fugido, voltavam para suas casas e famílias, acontecendo com seus pais.
A autora relata tudo com muita propriedade. Os depoimentos são emocionantes. Com as cenas descritas, parece que estamos visualizando e vivendo esse caos.
Ela também fala sobre Kamila ter ido trabalhar para Ongs. Ela queria ajudar as mulheres que precisavam de uma profissão. Ela também menciona como ela e sua família estão nos dias de hoje.
Um livro bem interessante, fácil de ler, com uma capa linda.
Conta a lição de vida de uma mulher que foi em busca de seus sonhos e ideais. Ela desafiou o regime e venceu preconceitos. Ainda assim, não esqueceu de ajudar aqueles que precisavam de um apoio.
São 200 páginas com preço ótimo para livro digital. Tive dificuldade de achar em livro físico. Ele está indisponível no momento.
Leiam e me digam se gostaram dessa linda história. Curtam o blog, o comentário.
Boa leitura.