A cura – Amílcar Bettega
Hoje é dia de conto e nessa edição trarei o comentário de uma história de Amilcar Bettega, presente na coletânea Deixe o quarto como está.
Nascido no Rio Grande do Sul em 1964, Amilcar Bettega é formado em engenharia civil e mestre em literatura brasileira. Recebeu por sua obra os prêmios Açorianos e Portugal Telecom.
Esse conto narra médicos correndo contra o tempo pois um vírus está acabando com as pessoas e a cidade que vivem.
Da janela de um hospital ou na verdade um centro de pesquisa, médicos e enfermeiros fazem de tudo para dar uma melhor qualidade de vida as pessoas doentes, enquanto cientistas lutam contra o tempo para achar a cura.
Um conto que vem bem a calhar com a nossa situação nos dias de hoje não é mesmo?
Cansaço mas acima de tudo determinação acompanham esses guerreiros que muitas vezes não vão para casa e quando vão corre o risco de levar um vírus que ninguém sabe como detê-lo para as pessoas que amam.
O vírus não afeta nenhum órgão do corpo afeta o cansaço. Pessoas ficam inertes e sem reação, caem nas ruas e se não fossem outras pessoas para ajudarem ficariam ali até morrerem. Não se mexem apenas esperam a morte chegar.
Involuntariamente não só as pessoas estão se degradando mas as ruas e casas. Como cuidar das vidas se não tem força para nada?
Os médicos esperam ansiosamente que alguém finalmente anuncie a cura e todos possam voltar ao normal se é que é possível.
Corpos acumulando no pátio, alguns até foram queimados, mas os fornos não davam conta, ruas imundas, pessoas desesperadas, um caos completo.
Segundo o último boletim além da febre, cansaço, a memória é afetada e só resta aos médicos força para continuar a a ajudar aqueles que precisam.
E assim o conto vai falando como tudo está se acabando e ninguém sabe quando acontecerá o milagre.
Rios sendo poluídos, cidades sujas, ser humano sem lembrança e o vírus? Firme e forte.
O conto chega ao fim com um fio de esperança mas ainda sem cura e destaco o trecho final para que todos reflitam e façam a sua parte hoje, porque ainda estamos numa pandemia.
E cansado, envelhecido, mas feliz, o doutor vai nos dizer — temos absoluta certeza de que ele virá para nos dizer as palavras que mais esperamos.
⠀⠀⠀⠀⠀Nesse dia o rio estará, mais do que nunca, apinhado de peixes bêbados, que levantarão no fundo do rio uma silenciosa nuvem de pó.
Adorei o conto, bem escrito que me prendeu do começo ao fim.
Até o próximo contém um conto!