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Houdini – Eduardo Caamaño

Amanhã, Dia das Crianças decidi colocar um livro mágico.

Em minhas buscas por livros interessantes e diferentes, baixei este sobre um mágico que sempre ouvi falar e me interessei na hora, apesar de suas 685 páginas.

Mas antes, apresentarei o escritor que escreveu sobre a vida deste misterioso mágico.

EDUARDO CAAMAÑO (Rio de Janeiro, 1972) é administrador de empresas e especialista em criação literária e histórica. Depois de publicar o livro “O Barão Vermelho”, biografia de Manfred von Richthofen, em 2014, o autor decidiu realizar uma profunda imersão na era dourada da magia tendo como fio condutor a vida e a trajetória do Grande Houdini.

O resultado foi a publicação desta obra no trabalho mais completo que inclui importante informação traduzida para o português pela primeira vez sobre o mágico escapista.

O livro é muito bem escrito e rico em detalhes contando a vida de Houdini desde a infância até após o seu falecimento que foi em 1926 no Halloween, decorrente de uma apendicite.

Sua morte foi muito polêmica, assim como sua vida.

Desde criança teve que trabalhar para sustentar a família que era numerosa. Seu pai não ganhava o suficiente.

Seu nome verdadeiro era Erik Weisz e nasceu em 24 de março de 1874 em Budapest na Hungria, filho de pais judeus e foi o quarto filho do casal.

Conheceremos seus primeiros empregos, sua relação com seus pais, mas principalmente a relação com sua mãe e como a morte dela o abalou profundamente e como entrou para o mundo da mágica, mesmo enfrentando muitas dificuldades.

Além das dificuldades, o preconceito naquela época era enorme para os mágicos.

Um dos pontos interessantes é como ele escolheu o seu nome artístico que foi emprestado de Robert-Houdin, considerado o pai da magia moderna e um dos primeiros artistas a utilizar a tecnologia disponível da época para potencializar o efeito de suas rotinas.

Robert-Houdin foi uma referência para as vindouras gerações de artistas, entre eles o próprio Houdini, cujo nome artístico tomou emprestado em sua honra. É bem interessante sua relação com seu ídolo.

Houdini sofreu bastante no começo pois teve que aprender os truques, contudo perceberemos seu perfeccionismo e como no início suas apresentações foram pobres e em consequência disso seu cachê era pouco.

O escritor, conforme escreve tudo sobre o início da sua carreira, introduz sobre como Houdini gostava do perigo em suas apresentações.  

O elemento perigo estava sempre presente, e a possibilidade de sair gravemente ferido, ou até morto, era real.”

Houdini casou cedo com uma moça chamada Bess, mesmo contra a vontade dos pais dela e foi amor à primeira vista.

Uma menina que aos poucos com sua inteligência o ajudou a crescer profissionalmente e juntos viveram mais de 33 anos de casados e não tiveram filhos.

Houdini em suas conversas, prometeu à esposa que “se morresse primeiro tentaria comunicar-se com ela.”

Enfrentando barreiras e dificuldades, Houdini foi cada vez mais fazendo seu nome no mundo da magia colocando o perigo e desafios em seus shows.

No começo ganhava cachês menores, se apresentava em locais pequenos e inferiores e só depois de muitos anos se torna o grande mágico de todos os tempos, levando com ele o segredo da maioria dos seus truques.

Houdini chegou a se apresentar com seu irmão onde ensinou e dividiu alguns truques como perceberemos em algumas páginas e somente ele sabia alguns segredos.

A genialidade de Houdini se baseava em seu conhecimento sobre o medo.”

Houdini era o Rei das Algemas como gostava de ser chamado. Soltava de tudo que fosse desafiado e tinha um orgulho acima da média.

Houdini subiria no parapeito de uma ponte com o corpo completamente algemado e tentaria se livrar das algemas, durante o tempo que estivesse submerso, e subir rapidamente antes de ficar sem oxigênio ou morrer de hipotermia.”

Cada capítulo que o escritor detalhava sobre a vida de Houdini seguia de uma nota sua, explicando fatos da época o que era bem interessante.

A magia é uma das mais antigas artes cênicas. Suas origens remontam ao Antigo Egito, onde os prestidigitadores costumavam utilizar suas habilidades para convencer as massas de seus poderes sobrenaturais.”

Então o livro fala sobre todos os seus shows, suas cidades, sua ascensão, sua relação com a imprensa, suas desavenças com outros mágicos ou imitadores que eram muitos.

Inclusive, os imitadores de Houdini assistiam seus shows para depois desmascará-los, só que eles não contavam que Houdini fazia o mesmo, e os desmascaravam na frente da plateia e assim acabavam com suas carreiras e a concorrência, colecionando inimigos e desavenças por toda a sua vida.

Tem partes que achei cansativa principalmente quando o escritor deixa Houdini de lado e fala em várias páginas de Arthur Conan Doyle que foi o grande amigo de Houdini.

Cone Doyle foi o criador de Sherlock Holmes e a amizade com Houdini foi abalada em virtude do espiritismo que Doyle acreditava e Houdini, só lendo o livro para saber.  

Outra parte interessante do livro é sua relação com o escritor Howard Phillips Lovecraft mais conhecido como H.P. Lovecraft que o ajudou a catalogar toda a sua coleção de livros que era enorme, pois em suas horas vagas Houdini gostava muito da leitura. Ele comprava muitos livros e revistas.

Houdini não se aventurou só na magia, foi escritor, ator entre outras coisas e foi um “perseguidor” do espiritismo porque não acreditava que os espíritos vinham do outro lado enviando mensagens.

Voltando a falar sobre o espiritismo, quando perdeu sua mãe, vários médiuns tentaram convencê-lo de mensagens psicografadas e aí começaram as desavenças com seus amigos e Houdini desmascarava todos os médiuns que conseguia, ganhando inimigos e vários processos judiciais.

Para quem gosta de uma boa biografia detalhada e sobre mágica este é o livro certo porque o escritor pesquisou e trouxe muito conteúdo interessante sobre Houdini que morreu por desafiar a própria morte.

Houdini em suas apresentações gostava que seu público inspecionasse seus cadeados, algemas ou o que ele fosse apresentar no palco.

…contribuíam para aumentar seu carisma e transmitiam credibilidade, fatores indispensáveis na carreira de um mágico.”

Enfim, um homem que lutou muito por sua carreira, sua família, sofreu pela morte de sua mãe, amou muito sua esposa, adorava um desafio, orgulhoso, trabalhava demais, ganhou muito dinheiro, gastou também, desafiava a morte, não gostava de imitadores e tinha poucos amigos. 

Para mim não sei se ele foi feliz, acredito que faltou algo para este homem que queria cada vez mais e era maligno em algumas ocasiões.

Ajudou muitos mágicos, porém prejudicou também. Gostava de ser o centro das atenções e sua opinião deveria ser a que valeria.

Não voltou depois de morto para deixar uma mensagem a sua esposa que morreu anos depois, já velhinha. Não passou necessidade, porém sentiu a falta do seu grande amor.

Deixou um legado, misterioso e sobrenatural, escapou de tudo, menos da morte que inclusive não acreditava numa vida após ela e lutou loucamente contra o espiritismo, acreditando ser uma farsa.

Livro com um ótimo preço para formato digital e capa que é o próprio mágico para quem nunca o viu.

Por isso encerro com uma frase do escritor que resume um pouquinho a vida deste fantástico mágico.

Seu orgulho sem limites e o mesmo ímpeto que tanto o ajudou a forjar a sua lenda foram os fatores que acabaram traindo-o, tornando-se a verdadeira causa de sua morte.”

Até o próximo comentário.

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