O fundo é apenas o começo – Neal Shusterman

Este livro deste escritor ganhou vários prêmios e quando baixei em formato digital pois estava com um preço muito bom, não imaginava do que se tratava.

Como vocês sabem não leio a sinopse pois gosto da surpresa na maioria das vezes.

Vi o título, me interessei assim como a capa e me aventurei.

A princípio com suas 272 páginas em sua classificação percebi que era um romance, todavia até agora estou esperando algo relacionado a isto, pois não encontrei.

Na verdade, foi um livro que demorei a me conectar, me dispersei inúmeras vezes e senti uma energia pesada toda vez que terminava um de seus capítulos.

O tema é forte pois trata-se da saúde mental de um adolescente de 15 anos de nome Caden.

Sua vida parecia normal como escola, vídeo game, convivência com os pais e a irmã, até que seu comportamento começa a ser alterado.

Ele começa a ter alucinações, comportamentos estranhos, fala algumas mentiras que fica até difícil de acompanharmos pois nos colocamos no lugar de seus pais.

Na escola acontecem fatos que nem os professores entendem o que está acontecendo pois ele sempre foi um bom aluno. Ele se isolava de todo mundo e uma das primeiras coisas que pensam é que está usando drogas.

Uma das cenas mais fortes foi quando ele caminhou muito pela cidade que morava e ao retornar para casa, numa de suas crises, decidiu sair novamente e foi impedido pelo seu pai.

Lógico, que depois de uma leve discussão ele decidiu sair mesmo seu pai falando que seus pés estavam cheios de bolhas e sangrando. Ele não tinha percebido e nem sentia dor.

Aos poucos, veremos seus pais vendo a evolução de uma doença mental que eles não sabiam como cuidar e nem como lidar com Caden.

Muitas vezes seus pais ignoravam achando que tinha a ver com a idade e nem prestavam muita atenção e sua irmã ficava sendo o foco deles naquele momento.  

Seus sonhos num navio onde tinha monstros, capitão, papagaio que falava era muito tenso até mesmo na hora de lermos.

Caden, após alguns episódios de crises sérias foi internado numa clínica e a história fica interessante onde o local está cheio de pessoas com transtorno igual ou piores do que ele possui.

Quando seus pais e sua irmã o acompanham e o deixa lá foi bem triste e emocionante, mas era o melhor a ser feito naquele momento.

Sessões de terapia individual ou em grupo, remédios, alucinações, diálogos fortes e as emocionantes visitas de seus pais e sua irmã que era mais nova, foram tristes.

Caden via novos pacientes chegando, outros saindo, alguns morrendo, conhecia a história triste de outros e seu quadro não tinha muita evolução e logo ele aprendeu que esconder o remédio e jogar fora era a melhor escolha para sair de lá o mais rápido possível.

Ele percebeu que não era assim após uma grave crise.

O livro vai deslanchando contando os três meses que ele passou ali com suas crises e a dos pacientes a sua volta, até que finalmente retorna a sua casa com a indefinição do que seria sua vida a partir daquele momento.

E o que foi mais importante é saber que é uma história vivida pelo escritor e contada com tanto realismo e então percebo como fiquei tensa ao ler porque ele colocou muita verdade em suas palavras.

Depois da conclusão do escritor posso dizer que esta história serve para ajudar ou quem sabe orientar um pouco pessoas que tenham ou convivam com pessoas com transtornos mentais que segundo pesquisas, a cada ano cresce em nosso país e no mundo e, se não for cuidado com o devido tratamento, o fim será catastrófico.

As ilustrações são do seu filho que viveu e vive um dia de cada vez, medicado e feliz longe de crises e ele como pai, acompanhando e apoiando aquele que precisa da família para conviver com um mundo muitas vezes lotado de preconceito.

Espero que tenham gostado da dica de hoje e se já leu este livro deixe seu comentário aqui.

E quase ia esquecendo de falar que o preço do livro físico estava em promoção quando concluí este comentário nada absurdo, diria que dentro do orçamento de um bom livro.

Até o próximo comentário.