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Orlando – Virgínia Woolf

Me indicaram este livro para leitura com recomendações positivas, informando o quanto ele era sensacional e atípico para o seu tempo, um romance muito bom que valeria a pena ler, um clássico do modernismo.

Na mesma hora senti uma curiosidade para ler e deixei na minha biblioteca para a oportunidade da leitura.

E finalmente chegou o dia de me aprofundar em suas páginas.

Posso dizer que pela capa não criei expectativa e sim pelo título totalmente masculino e já idealizei mil coisas.  Acreditei navegar pelo universo masculino numa época de bailes, romances e guerra.

Só pesquisei que Virgínia foi uma escritora, ensaísta e editora britânica, com vários livros publicados. Ela teve a ideia de escrever Orlando em 1927 e publicou em 1928 em homenagem a sua amante que a abandonou por outra pessoa.

Ambas eram casadas com homens e mantinham um relacionamento secreto.  

Já nas primeiras páginas achei chato e para não prejudicar a minha opinião, deixei de lado e li outros livros, até que decidi enfrentá-lo em outro momento.

Passados alguns meses retornei e fui até o final de suas 360 páginas e posso confessar que foi cansativo sua leitura.

Não me empolguei com o enredo mesmo sabendo que Orlando no ano de 1586 é um menino rico, inteligente vive muito bem com sua família, adora ler e escrever sobre os aristocratas.

Até que aos 18 anos vai morar com a rainha Elizabeth que se encantou com sua beleza e seu jeito peculiar e lá ele passa a assumir cargos importantes em seu reino.

A partir disso tudo contado detalhadamente no livro, se apaixona por Sasha, uma princesa russa que o abandona e assim seu coração é destroçado.

Depois ele vive um tórrido romance com um poeta (na cabeça dele) que resolve o abandonar, mas antes Orlando mostra tudo que já escreveu entre contos e poesias, contudo é traído quando o poeta publica satirizando e dizendo como ele é ruim como escritor. Foi um vexame na época.

Com o coração partido e destruído mais uma vez, se isola por anos em Constantinopla. Não teve contato com ninguém, a não ser seus empregados em raros momentos.

Após sete dias de febre e bem doente, acorda um belo dia sentindo-se uma mulher e a partir disso assume totalmente esta identidade.

Até aqui o livro oscila bem o temperamento de Orlando que é chato, mimado, temperamental e muito solitário.

Aliás, o tema solidão é bem desenvolvido com este personagem que mesmo em certos momentos rodeados de pessoas, sente-se sozinho, sem ninguém que não o entende e não o compreende.

Assim, como as pessoas não pensam ou não fazem como ele quer, as afasta preferindo o isolamento, porém, percebe que precisa delas para o desenvolvimento de seus escritos.

E numa de suas loucuras resolve se aproximar novamente das pessoas promovendo festas, chás, mas sempre mantendo-se sozinho em seu quarto tendo muitas noites de insônia.

Questiona muito a vida, curte a natureza e tenta decifrar o ser humano e o que seria o amor, já que tinha seu coração despedaçado e decide nunca mais se entregar a ninguém.

Quando acorda sentido uma mulher tenta entender como elas se comportam e desperta nos homens a curiosidade e sentimentos e vive cada um deles sempre se questionando e muitas vezes se entregando. Uma bipolaridade louca descrita nas cenas.

A sociedade por vezes é escancarada por Orlando em seus diálogos internos e conversas com seus animais e não vi escândalos por esta nova identidade na época.

O mais interessante é que seus funcionários o aceitam daquela maneira e continuam prestando os serviços como se nada tivesse acontecendo.

Decidida a novos rumos, Orlando vive durante um bom tempo com ciganos onde muitos fatos e decisões da vida são descritas e muitos anos depois retorna a Londres para retomar aquilo que é seu e enfrentar uma nova sociedade.

Orlando quer encontrar a felicidade pessoal, profissional, conjugal e familiar, além de se consolidar como uma importante escritora da sua época.


A trama percorre os séculos XVI, XVII, XVIII e XIX, desembocando no início do século XX.

Um dos fatos mais importantes do livro é que após quase 350 anos, Orlando só envelheceu vinte anos.

No começo do livro em 1586, ele era um rapaz de dezesseis anos, no final da narrativa, em outubro de 1928, ela era uma mulher de trinta e seis aninhos. Parte da graça do livro está nesse descompasso temporal.

Em vários momentos perceberemos Orlando questionando o papel da mulher e do homem na sociedade inglesa e a diferença de classes sociais satirizando muito nos exemplos dados.

Por mais que Orlando queira uma companhia e consegue se conectar com alguém, ao mesmo tempo ama ficar sozinha e curtir cada momento.

Ela observa as pessoas e assim escreve cada detalhe de tudo em forma de poesia. Esse seria seu passatempo favorito.

Para um livro escrito numa época machista e bem diferente, falar sobre sexualidade desta forma foi um desafio grande que fez deste livro um sucesso.

Para mim foi interessante, porém nada que fosse sensacional.

Possui temas importantes escritos por um homem/mulher com pontos de vista diferentes que te fazem refletir e pensar que muita coisa ainda não mudou, mas a história foi construída tão devagar que cansa a leitura com um tema que me dispersou, mas que de repente você vai adorar como aconteceu com quem me indicou.

Este livro consegui um preço ótimo para livro digital, mas já adianto que tem várias edições bem caras, então precisa pesquisar bem.

O final é algo dentro do que se esperava onde li duas vezes para entender e não achar que estava sonhando.

Posso finalizar dizendo que saí da caixinha por mais que não me conectei, contudo fiquei feliz por saber que em algumas épocas existiram pessoas que pensavam e agiram de formas diferentes e que a sua maneira, lutavam pelos seus direitos.

Espero que tenham gostado.

Até o próximo comentário.

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