Lampião: Herói ou Bandido – João Firmino Cabral
Mais um livro todo em cordel sobre um personagem que até hoje levanta polêmicas e tem muita história para contar.
Este livrinho achei muito completo, bem feito com 32 páginas, que contém fotos de Lampião, Maria Bonita e sua gangue, além do escritor.
Confesso que me lembrava pouco de tudo que já foi contado sobre Lampião e Maria Bonita, contudo queria ler alguma coisa sobre ele e me encantei como este foi escrito.
Então, vamos conhecer Lampião, o famoso cangaceiro que viveu na região do Nordeste, filho de José Ferreira, agricultor e Dona Maria Lopes, esposa e mãe. Eles tiveram 9 filhos dentre eles, 4 mulheres.
Virgolino (Lampião) foi vaqueiro e artesão fazendo obras de couro, cinto, chapéu e gibão onde vendia nas feirinhas lá no sertão onde moravam.
Nesta época, Zé Saturnino era vizinho de José Ferreira (pai de Lampião) e era um mau caráter, nunca gostou desta família e vivia arrumando encrenca com eles que só queriam viver em paz e não gostavam de brigas.
José Ferreira evitando problemas resolveu mudar-se do sertão e foi para Alagoas numa cidade chamada Santa Cruz do Deserto para viver em paz.
Porém, Zé Saturnino juntou muitos homens e foi atrás deles para matá-lo. Além disso, encontrou com um tirano e desumano, Zé Lucena que foi o responsável pelos tiros no pai de Virgolino.
Como notícia ruim se espalha fácil Virgolino e seus irmãos souberam do que Zé Saturnino queria fazer e decidiram que se algo acontecesse com seu pai, vingariam sua morte.
Em Santa Cruz do Deserto
Quando a tropa foi chegada,
No pequeno povoado
Procurou pela morada
Da família dos Ferreira,
Por Saturnino acusada.”
Após matarem seu pai, levaram seu irmão menor João embora e o deixaram numa prisão sofrendo castigos, só sendo solto muito tempo depois.
Sua mãe faleceu dois meses depois da morte do marido.
Daqui pra frente só Deus
Saberá o meu destino,
Acabou-se a minha paz
– Assim falou Virgolino -,
Não importa ser chamado
De bandido e assassino.”
E assim, nasceu Lampião que queria vingança.
Iniciaram os ataques na fazenda Ingazeria para acabar com a família Nogueira e assim a história de Lampião alastrou-se, ele com 20 anos onde já se tornaria muito temido.
Nesta época, Zé Lucena, aquele que matou o pai de Lampião juntou civis e soldados para matá-lo e não conseguiu. Iniciaria uma longa perseguição.
Lampião saqueava os lugares por onde passava saindo dos locais com ouro, dinheiro e tudo que achasse na sua frente e matando quem se atrevesse a impedi-lo.
Num dos ataques a uma determinada fazenda percebeu algo errado em seu olho. Ele tinha glaucoma que não foi tratado e desta forma, perdeu a visão do olho esquerdo.
Atacado de glaucoma,
O olho esquerdo perdeu.
Mesmo caolho, o bandido
Não mudou o plano seu.
Antes na vida do crime
Mais a mais se enfureceu.”
Nem só de atrocidades vivia Lampião, em certo momento da sua vida, Padre Cícero chamou-o para proteger a cidade de um bando liderado por Luís Carlos Prestes, chamado Coluna Prestes e achei bem interessante e confesso que não sabia.
Ele foi recebido com festa na cidade, venceu o grupo e foi promovido a Capitão, sua equipe recebeu títulos também e tudo foi motivo de comemoração!
Passou pela Paraíba, Mossoró e Bahia onde conheceu Maria Bonita.
Sem pensar em nada mais,
Lampião, já dominado,
Pôs Maria na garupa
Do seu cavalo selado…
Levando a linda baiana,
Seguiu bem acompanhado.”
As matanças continuaram mesmo com ela na garupa, ninguém escapava, homens, mulheres na cidade de Sergipe ou em Alagoas.
Já chegando ao fim do livrinho, Tenente Bezerra e seus homens depois de apertar alguns camaradas de Lampião descobriu o esconderijo e finalmente mataram os homens e ele.
As cabeças foram expostas na frente da prefeitura e teve festa no dia. Após essa festa foram levadas para serem embalsamadas em Maceió e depois para o IML de Salvador.
O Tenente Bezerra recebeu o prêmio pela bravura e o ouro dos bandidos foi deixado para cada soldado que o acompanhou como recompensa.
Só que um bandido que escapou chamado Corisco ao saber da morte de Lampião matou a família inteira do Tenente Bezerra e mandou-as ao mesmo com um bilhetinho.
Foi morto depois de uma caçada intensa.
Então, só posso encerrar com um verso e dizer que fiquei feliz em ler e entender um pouco mais sobre a história do mais temido cangaceiro do Nordeste.
Eis como foi o final
Do homem mais violento
Que pensava que seu corpo
Era de ferro e cimento.
Porém tudo tem seu fim,
Diz o Novo Testamento.
Aqui termina a história
Do famoso Virgolino.
Se foi bandido ou herói,
Se foi assassino ou herói,
Se foi santo ou assassino,
Isso não posso afirmar.
Eu deixo o mundo julgar,
Não o poeta Firmino.”
Até o próximo comentário.
