Filosofia

Apologia de Sócrates – Platão

Um dos livros mais difíceis que ora oscila entre cansativo e interessante ao mesmo tempo, no diálogo entre Sócrates e Platão. Porque falo isto, porque eles iam até a exaustão as explicações de suas convicções e às vezes fiquei dispersa precisando reler para entender o contexto.

Tudo tem início com o julgamento de Sócrates, ocorrido em 399 a.C, em Atenas e isto é um dos fatos históricos mais importantes da Grécia Antiga.

Sócrates foi condenado à morte por impiedade e por corromper os mais jovens, o que quer dizer, que ele ensinava sua doutrina, prática proibida na época.

Porém, perceberemos que não era bem assim.

Sócrates, assim como eles, propunha aos jovens um novo tipo de reflexão, centrada no homem, no hábil uso da palavra e no gosto pela polêmica.”

O livro está dividido em três partes no qual claramente “estabelece-se igualmente o modo de funcionamento habitual da ironia socrática: colocar-se estrategicamente em posição inferior à de seu interlocutor.”

O que isto quer dizer?

Antes do julgamento teremos um debate entre Sócrates e Êutifron, que foi o mais confuso para mim porque nos diálogos, muitas perguntas, reflexões que raras vezes acompanhei a lógica e o raciocínio da mensagem passada.

Nesta parte, destaco um pequeno trecho do diálogo que muitas vezes era questionador para ambos:

Sua busca pela verdade, que distanciava seu discurso da manipulação e do oportunismo, da conveniência e do relativismo característicos de alguns intelectuais famosos da época. Isso lhe conferia uma integridade e uma coerência que faziam de sua vida quase que uma missão em busca do conhecimento real e de sua aplicação.”

Tudo para Sócrates tinha um motivo e uma explicação e sua condenação foi aceita e defendida por ele no tribunal, nos capítulos posteriores de forma brilhante e então o livro fica bem mais interessante. Defesa versus acusação renderão boas páginas de ricos momentos de reflexão do ser humano e suas escolhas.

Na segunda parte entraremos no que foi chamado de Apologia onde Sócrates se defende de toda a sua acusação.

Sua acusação: “pois diz que sou fazedor de deuses e que, por isso mesmo –  por fazer novos deuses e não crer nos antigos – , me denunciou, conforme diz.”

Em vários momentos do belo discurso e defesa, Sócrates questiona o motivo da acusação pois acredita ser pessoal, sem fundamento uma vez que apenas “abre a cabeça dos jovens” e nem cobra por isso, em vista que era uma prática comum naquela época. Em vários momentos incita os jurados e pede explicações.

Quando sua sentença sai, questiona e quer de outra forma morrer: sugere o envenenamento.

Lembrando que ele tinha família com filhos adolescentes que precisariam dele para a sua educação e veremos uma explanação interessante do que ele achava disso tudo.

Por último e a parte que mais gostei foi Críton seu amigo que vai visita-lo dias antes da sua morte na prisão e então a vida, morte e o envenenamento são muito discutidos de forma tranquila por Sócrates. Inclusive, Críton queria muito a fuga de Sócrates, porém o mesmo discursa de forma inteligente do porquê não querer fazer isso.

Mesmo achando o livro cansativo em certos trechos, percebi que Sócrates tinha um pensamento muito crítico para uma Atenas ainda atrasada e haviam divergências dos costumes, por isso foi incriminado, julgado e condenado à morte.

Desde Êutifro, Apologia e Críton os mesmos textos são obras que partem da discussão filosófica, contudo assumem ramificações religiosas, políticas e éticas, mostrando por que Sócrates passou para a História como fundador da tradição filosófica ocidental.

Do começo ao final somos apresentados à Sócrates por Platão (427-347 a.C.), um dos seus mais dedicados discípulos, que revela o mestre à sua maneira, retratando o cidadão que os atenienses encontravam pelas ruas – um homem íntegro e coerente, cuja missão de vida era a busca do conhecimento e de sua aplicação.

Ao mesmo tempo que preserva o legado do sábio, Platão apresenta as linhas gerais do seu próprio pensamento sobre teologia, ética, teoria política, bem como sua visão sobre a vida após a morte e o dualismo corpo/alma.

É bem interessante o livro com muita coisa para pensar e refletir e que num primeiro momento você não consegue captar tudo, precisa de uma nova leitura para conseguir entender a cabeça deste filósofo, contudo vale a experiência.

Tem 115 páginas que parecem muito mais e o preço tanto para formato digital como para físico são excelentes.

Espero que tenham gostado.

Até o próximo comentário.

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