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O Mulato – Aluísio Azevedo

Primeira vez que coloco o autor no blog e o livro escolhido é um clássico da nossa literatura, muito indicado para vestibular.

Aluísio Tancredo Gonçalves de Azevedo nasceu em São Luís no Maranhão em 14/04/1857 e faleceu em Buenos Aires em 21/01/1913. Foi um novelista, contista, cronista, diplomata, caricaturista e jornalista brasileiro; além de bom desenhista e discreto pintor.

Era irmão mais novo do dramaturgo Artur Azevedo que em parceria, viria a esboçar peças teatrais.

Inaugurou a estética do naturalista no Brasil com a publicação do romance “O Mulato” em 1881. É autor de “Casa de pensão” (1884), “O Cortiço” (1890) e outros.

Capta a mediocridade rotineira, a vida dos sestros, os preconceitos e mesmo taras individuais, opção contrária à dos românticos precedentes.

A história conta a vida de Raimundo, um menino que é filho de um homem branco rico e uma escrava. Após vários enfrentamentos de seu pai e sua mãe biológica é enviado ao tio em outra cidade para ser criado.

Com bastante dinheiro e ainda criança segue para Portugal a fim de ficar lá até concluir seus estudos.

Seu pai após perder a esposa, vê a sua mãe ainda escrava, sofrer fortes abusos e então drama e terror acontece nas páginas seguintes. Estamos na época das surras e a escravidão.

Além disto, a Igreja e os padres manipulam as pessoas e o poder nas cidades.

Passados alguns anos, Raimundo retorna à cidade do tio a fim de liquidar com seus bens e retornar a Europa para continuar a sua careira de advogado.

Chega no Maranhão numa época onde a sociedade é preconceituosa, fofoqueira e o padre da região um mentiroso, pecador e manipulador.

Raimundo nunca soube detalhes sobre a sua origem e estar no Maranhão seria comprovar tudo que ainda permeava em sua cabeça.

É bem recebido, porém olhares esquisitos e várias indiretas fazem parte das rodas de conversas. Desconfianças acompanham seus passeios pela cidade.

Ainda esperando pela resolução de seus bens, sua prima Ana Rosa apaixona-se por ele e logo é correspondida e juntos, traçam planos para o futuro.

Ana Rosa não quer casar com nenhum pretendente que seu pai arruma, pois é com Raimundo que deseja ter a sua família. Imediatamente seus pais percebem e ficam preocupados com tal decisão.

Enfim, chegada a hora de resolver seus problemas, Raimundo vai em busca do local de seu nascimento e então a verdade é revelada através das duras palavras de seu tio.

Neste momento, Raimundo fala a verdadeira intenção em relação a Ana Rosa com seu tio que imediatamente dá a resposta que ele menos imaginaria receber: não aprovava o casamento em virtude de sua cor. Ele é um mulato e não é aceito pela sociedade.

Aqui, desgraçado, nesta miserável terra em que nasceste, só poderás amar uma negra da tua laia! Tua mãe, lembra-te bem, foi escrava” E tu também o foste.”

Ódio, desespero, vingança e segredos, incluindo o assassino de seu pai ficam ali claros na sua mente e finalmente Raimundo cai numa prostração enorme.

Como contar para Ana Rosa? Como ficaria seu amor por aquela mulher?

Tu não tens a menor culpa do que fizeram os outros, e, no entanto, és castigado e amaldiçoado pelos irmãos daqueles justamente que inventaram a escravidão no Brasil!”

Este era seu pensamento naquele momento.

Diante dos fatos só restava ir embora e viver sua vida onde seria aceito já que lá tinha carreira, dinheiro e respeito.

Ao retornar ao Maranhão decidido a ir embora, seu tio conta a Ana Rosa meia verdade junto com o padre.

Desesperada, confronta Raimundo e juntos traçam um plano, só que tudo dá errado.

A intromissão do padre mostra o poder da Igreja e Raimundo tem um destino cruel, Ana Rosa se vê infeliz, o assassino impune e o Padre, continua com o vilarejo de São Luís em suas mãos.

Anos se passam e acompanharemos o desfecho dos personagens e perceberemos que nada mudou.

O livro é fantástico, onde infelizmente, mostra o preconceito com maldade, falsidade, a Igreja, mentiras, politicagem e jogos de poder.

Vale a pena ler e conhecer esta obra do autor consagrado que mostrou o que nosso país carregou e ainda carrega infelizmente, até os dias de hoje.

Tem várias capas com versões digitais e físicas e preços variados.

Durante a leitura existem palavras difíceis onde acionaremos o dicionário e expressões coloquiais que atrasam um pouco a leitura, no mais flui bem.

Aluísio detalha com maestria dando ênfase a cultura maranhense seja na comida, música e local.

Não deixe de ler.

Espero que tenham gostado.

Até o próximo comentário.

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